Diariamente muitos os tipos de mentiras circulam, principalmente, nas redes sociais 6s26
Júlia Martins
Mariane David
Estudantes do 3º período do curso de Jornalismo PUC Minas Poços de Caldas
A desinformação é o principal ingrediente para a propagação de notícias falsas. O termo “fake news” ganhou popularidade, em 2016, nas eleições presidenciais dos Estados Unidos e, desde então, vem sendo pauta de diversos discursos ideológicos e tendenciosos. O compartilhamento de notícias falsas pode parecer um ato inocente, mas, na maioria das vezes, toma proporções desastrosas.
O jornalista e pesquisador Diego de Deus, produtor do documentário “Democracia da Desinformação”, alerta sobre a banalidade que a junção fake news ganhou nos últimos anos. De acordo com o pesquisador, é necessário tratar o problema da desinformação desde a raíz de formação da sociedade, ou seja, é preciso partir da educação sobre a utilização correta dos dispositivos midiáticos, como celulares e computadores. “Não é algo que será feito da noite para o dia. Pensar em uma educação midiática e de informação, significa projetar um futuro a longo prazo, com a criação de métodos e a realização de pesquisas que possam fazer diagnósticos a respeito de como a desinformação circula e as motivações para isso. É importante também levar em conta as diferentes realidades culturais, econômicas, políticas (não no sentido eleitoral, mas no sentido de ações políticas de indivíduos) e sociais que permeiam estas relações, ou seja, é impossível pensar em uma “educação midiática”, como algo universal que servirá para todos; mas em “educações midiáticas” que contemplem cada grupo, em cada contexto, as necessidades apresentadas”, explica.
É comum, hoje em dia, vermos crianças e adolescentes propagando conteúdos falsos nas redes sociais por influência de ideias pré-concebidas por pessoas próximas que acreditam haver somente uma verdade irrefutável, muitas vezes creditada por uma moral ideológica. Na maioria desses casos, a mentira espalhada não carrega um peso de maldade por trás das ações de quem compartilhou, mas sim por parte do criador daquele conteúdo, daí a necessidade em se mostrar que, a problemática das fake news vai muito além da superficialidade de apenas uma mensagem com o título encaminhado. “É necessário pensar a desinformação como um fenômeno mais amplo do que simplesmente notícias falsas; a desinformação na contemporaneidade diz respeito muito mais às disputas de sentido com relação à verdade do que qualquer outra coisa. A verdade tornou-se subjetiva, talvez, sempre foi. Mas a verdade antes era creditada a instituições epistêmicas, ao método científico, ao jornalismo ético. Hoje, mais do que nunca, é preferível uma mentira agradável do que uma verdade desagradável”, afirma Diego.
As notícias falsas podem ter vários formatos de compartilhamento. Para entender melhor como identificar os tipos de mentiras, o perito em crimes cibernéticos e professor do curso de engenharia da computação da PUC Minas, em Poços de Caldas, João Benedito dos Santos Júnior, alerta sobre a verificação de uma informação. “Além do contexto das imagens, conteúdos falsos são apresentados nos mais diversos formatos (áudio, vídeo, texto, dentre outros). Para cada tipo de conteúdo, assim como ocorre com as imagens, temos ferramentas, mecanismos e técnicas para a verificação de sua autenticidade; no entanto, nossa sociedade precisa ser informada sobre isso”, adverte.
Um dos exemplos são os links, que tem como função te direcionar para outro lugar (sites). Links falsos podem ser criados tanto por pessoas sem grande conhecimento computacional, quanto por hackers altamente qualificados e pelas mais diversas facções criminosas, com os mais diversos interesses.
Em relação às imagens e vídeos, a edição para tratar uma foto sempre deixa alguns rastros de imperfeições. Com um olhar atento, às vezes, é possível perceber alguma modificação de ótica, alguns sinais de adulteração podem ar despercebidas pelo olhar crítico de leigos, mas em um contexto geral, conteúdos inverídicos e de natureza criminosa são apresentados com erros de grafia e com expressões desconexas.
Um levantamento feito em parceria com a Polícia Militar de Minas Gerais mostrou as principais denúncias de notícias falsas que provêm dos grupos de WhatsApp, que em sua maioria não são propagadas com intenção maliciosas. “Pessoas estão batendo nas portas oferecendo algum produto e invadem a casa para assaltar ou estuprar. As vezes as pessoas pegam um fato de outro estado e acrescentam informações dizendo que aconteceu na cidade dela”, explica Tenente Esdras José da Silva, da Polícia Militar, alocado em Poços de Caldas, no Sul de Minas.
Muitas vezes, nesses grupos as pessoas compartilham esses fatos achando que estão prestando algum tipo de utilidade pública, por isso a PM busca orientar para que todo conteúdo seja verificado antes de compartilhado, e em caso de dúvidas, perguntar primeiro aos oficiais antes de fazer a postagem nos grupos. “Sempre que uma pessoa se sentir importunada, incomodada, exposta ou agredida por um determinado conteúdo digital, amplamente compartilhado ou não, deve registrar um boletim de ocorrência em uma Força de Segurança e Lei, como é o caso da Polícia Civil e da Polícia Militar. Além disso, caso seja vítima de um golpe, que tenha resultado na clonagem ou invasão de seu equipamento ou conta/ perfil em determinada plataforma de rede social, deve-se também informar a essa plataforma, para que os devidos bloqueios sejam realizados com a maior brevidade possível”, conclui João Benedito.
Sugestão de box
Quando um link falso é criado, o seu criador tem alguns objetivos:
a) No caso de uma invasão ou clonagem, ter o controle do equipamento da vítima e/ou de suas contas e perfis;
b) No caso de um golpe, ter o a dados da vítima (senhas, cartões, dentre outros) que permitam ao criminoso usufruir desses dados, tanto para finalidade econômica e financeira, quanto para chantagear ou expor a vítima.